segunda-feira, 21 de julho de 2008

13 sorte ou azar?



As superstições populares são restos de concepções muito antigas, às vezes de caráter metafísico, que incompreendidas se tornaram degradadas e subsistem ou sobrevivem como algo mecânico e sem alma, mas ainda fascinantes e portadoras de uma magia e de um poder de atração muito grandes sobre as pessoas. Isso acontece porque essas superstições continuam guardando, de modo latente, a possibilidade de se tornarem novamente um suporte para as influências de ordem intelectual que representaram de modo completo no passado.

Essas sobrevivências permanecem, então, como uma espécie de testemunho da sabedoria do passado para aqueles que podem compreender. O número 13 é um dos exemplos mais interessantes dessas coisas. Especialmente, porque tudo indica que o significado profundo do simbolismo desse número se refira exatamente a ensinamentos de ordem metafísica.

Muitas pessoas penduram esse número em pulseiras e colares como amuleto benéfico e se atribui aos nascidos em dia 13 uma certa proteção e sorte, apesar desse dia ser considerado geralmente como nefasto. Muitos hotéis, nos Estados Unidos, não têm o quarto com esse número, mas existe lá um grande número de Thirteen Clubs, cujos sócios se reúnem para comemorar exatamente o dia 13. Fundamentada no caráter positivo desse número, a Igreja Católica divulga a proteção das trezenas de Santo Antônio, santo que morreu no dia 13 de junho de 1231; e, é ainda mais significativo que as trezenas mesmas sejam rezas ou devoções, cujo ritual está ligado ao simbolismo do número 13, pois elas são praticadas durante os 13 dias que antecedem a festa de um santo. Em oposição às benéficas trezenas cristãs, encontra-se a crença de que o fatídico dia 13 é propício para praticar ritos de bruxaria capazes de provocar morte e doença grave. Ainda na linha do sinistro, acredita-se que treze à mesa é signo certo de desastre - um dos convidados pode morrer. Sem dúvida, essa crença se relaciona com a tradição cristã da última ceia. Dela participaram treze pessoas e o primeiro que levantou foi Judas, o discípulo traidor e que morreu depois de enforcar-se. Coincidência ou não, o nefasto episódio é narrado no capítulo XIII do Evangelho de São João. O receio em relação ao número 13 remonta a um período muito anterior ao cristão. Hesíodo, no século VII a.C., no seu "Os Trabalhos e os dias", já recomendava que não se devia plantar no décimo terceiro dia. Mais tarde, em Roma, não se promulgava nenhum decreto no dia 13. Em suma, o número 13 significa tanto algo benéfico e positivo como algo extremamente negativo e maléfico; mas, o que permanece, com mais força, na memória popular são seus aspectos negativos.


Você sabia que como tradição popular o ano de 13 meses sobreviveu entre os camponeses europeus por mais de um milênio depois da adoção do calendário juliano?


Segundo as pesquisas, era no décimo terceiro mês, desse ano lunar e feminino, que se realizavam as cerimônias de sacrifício do rei antigo e a sua substituição pelo rei novo. Existia um dia extra no ano de 364 dias, que era intercalado entre o décimo terceiro e o primeiro mês, considerado o mais importante do ano, porque nessa ocasião a Rainha escolhia o novo rei sagrado e o antigo era sacrificado. Este era um dia fora do calendário, portanto, fora do tempo, sinal do fim de um ciclo e do começo de outro, marcado pela morte e pelo renascimento do rei/sol. Assim, o número treze que era o número da morte cíclica do sol, e por extensão da do rei, nunca mais perdeu sua reputação maléfica entre os supersticiosos. Observe que essas informações sobre a história dos calendários confirmam as conotações simbólicas de morte e renascimento, estabelecidas, anteriormente, para o número treze.

Seja lá qual for a "verdadeira verdade", uma coisa é certa: tudo depende da fé, daquilo que você acredita.


Um comentário: